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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

No Egito, Mubarak reafirma que quer ficar à frente de governo de transição









          Presidente decepciona manifestantes que esperavam sua renúncia imediata. Ele mudou leis, transferiu poderes ao vice, mas não especificou quais.

          O presidente do Egito, Hosni Mubarak, decepcionou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso nesta quinta-feira (10), que pretende continuar no governo, à frente de uma transição de poder.

          Ele afirmou que a transição vai ocorrer "dia após dia" e prometeu proteger a Constituição durante todo o processo. Mubarak anunciou "procedimentos constitucionais", com mudanças em seis artigos e a suspensão de um sétimo.

          Ele disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo. Ele afirmou que iria transferir poderes ao vice-presidente Omar Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.

          Isso seria uma demonstração de que as reivindicações dos manifestantes seriam respondidas pelo diálogo. Mubarak também disse que o diálogo com a oposição levou a um "consenso preliminar" para resolver a crise.

          Mubarak também pediu desculpas pela repressão aos protestos de rua dos últimos dias e prometeu punir os responsáveis. Ele afirmou que compreendia e estava de acordo com as reivindicações dos jovens e disse que "não aceitaria ordem externas".

          Mubarak também disse que as mudanças pretendem criar condições para anunciar o fim do estado de emergência, sob o qual governa desde o início, em 1981. Ele já havia prometido acabar com a medida, mas sem estabelecer data.

          Possível renúncia
         O discurso ocorreu em meio a vários relatos, muitos contraditórios, de que o contestado Mubarak iria renunciar imediatamente, depois de 17 dias de fortes protestos de rua contra seu regime, que já dura 30 anos no país.

          Pelo menos 300 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas nos protestos, segundo a ONU. O clima era antecipadamente de festa no país, mas o discurso foi recebido com frieza nas ruas. Os manifestantes continuavam pedindo sua saída imediata e sem entender exatamente o significado do discurso.

          Saiba mais
            Antes do discurso, o Exército anunciou em um comunicado que havia tomado medidas necessárias "para proteger a nação e para apoiar as legítimas demandas do povo".
Dezenas de milhares de manifestantes continuavam reunidos nesta quinta na Praça ahrir, que se tornou um símbolo dos protestos, exigindo a saída de Mubarak.

           O ambiente era agitado e alegre entre os manifestantes depois do anúncio do Exército. Essam al-Erian, representante da Irmandade Islâmica, principal força de oposição disse temer que um golpe militar esteja sendo tramado no país. Mas depois ele se retratou e afirmou que "ainda era cedo" para falar sobre a situação.

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